- Pai, vem cá, por favor. O Mateus agarrou o braço do pai e conduziu-o até à janela. - Repara! - desafiou, enquanto apontava uma constelação brilhante no firmamento. - Não me parecem estrelas! – afirmou o pai. – Vês aquele brilho avermelhado? Assemelha-se às luzes de um carro ou de um avião... O Mateus fixou alguns segundos a claridade estranha concentrada no céu. - Até parece um engarrafamento! E ficaram ambos presos àquela imagem, enquanto a noite fria crescia, espalhando o luar que a tornava suave e transparente. De repente, o Mateus notou que o rádio fazia movimentos estranhos em cima da mesinha de cabeceira. O fio que lhe servia de antena não parava quieto. Os números vermelhos apareciam e desapareciam desesperadamente. Aproximou-se e sossegou-o, tocando num dos botões disponíveis. Nesse instante, ouviu um sussurro: - Só as crianças poderão ouvir esta notícia. Repito, só as crianças poderão ouvir esta notícia de última hora. O Mateus sentou-se então na beira da