O rapaz interrompeu a palavra que alinhava
com muitas outras na esperança de acompanhar o pensamento que ainda organizava.
Depois, levantou a voz e o olhar para, delicadamente, colocar a dúvida:
- Aqueles pontos… norte, sul… este, oeste…
como os designamos? Pontos cordiais, certo?
Deixei que o silêncio voltasse. Apenas o meu
sorriso maravilhado chegou como resposta. E, por momentos, fiquei abraçado
àquelas palavras pelo brilho inesperado que emanavam.
O que sabia
aquele rapaz sobre pontos cordiais?
A pergunta,
teimosa, caminhou depois na minha direção
e obrigou-me
a buscas pouco usuais.
E, enquanto
os meus olhos vagueavam perdidos pela sala, soltei as amarras.
Tarefa
árdua, pois precisava de encontrar
aquela
bravura que não me deixa perder
nas estradas
mais tumultuosas,
que não me abandona desorientado, desnorteado.
Aquela
bravura que me leva para o sul,
caminho sempre
incerto da descoberta.
Aquela
bravura que me agarra às estrelas
quando o Sol
se esconde e me rouba o horizonte.
Serão cordiais os pontos cardeais?
Para quando o desejado abraço entre o Norte
e o Sul?
Para quando o reencontro,
há muito avistado da gávea do sonho,
entre o Ocidente e o Oriente?
Serão cordiais os pontos cardeais?
Se todos partem do centro que os une
porque mantêm a frieza da distância que os
afasta?
Entretanto, um sussurro fez-me reparar que um dos colegas lhe segredava a resposta. Então o rapaz, divertido com o trocadilho, de imediato, voltou ao trabalho. Eu mantive o meu sorriso agradecido como resposta.