Avançou então por
entre as folhas aos saltinhos com muito cuidado para não ser visto. À sua
frente começava a calçada que conduzia até à porta principal da casa.
- O que haverá lá
dentro? - matutava o Toquinhas. E logo recordou o conselho do Paitocas:
"Nunca te aproximes daquela porta!".
Mas o Toquinhas
olhava a porta grande e castanha e ficava triste porque via que outros animais
lá entravam todos os dias. Entrava a mosca, o mosquito, a melga, a lagartixa.
Até a formiga lá entrava!
Um dia, ficou à
espera, quieto como uma pedra. O coração batia apressadamente!
Tum! Tum!
Tumtum! Tumtum!
Tum! Tum!
Tumtum! Tumtum!
Dali até à porta
eram três saltos altos e longos...
De repente, viu
passar o pai de Mateus com sacos de compras. O homem abriu a porta grande e
castanha e entrou. Nesse preciso momento, o Toquinhas nem pensou duas vezes...
Um… Dois… Três!
Três saltos e lá
estava ele. Eram paredes altas, o chão seco e macio! Nem uma folha, nem uma
erva, nem uma árvore! Admirado, não reparou que a Inês, a filha mais velha, também
estava a chegar. Ela viu-o e sentiu muiiiiiiiiito medo...
- Aaaaaaahhhhh! Um
saaaaaapo!
Logo atrás vinha outra
menina que, assustada e curiosa, perguntou:
- Mãe, onde está o
sapo? Quero vê-lo!!!
- Não sei, Teresa.
Não vejo aqui nada! Qual sapo? Pergunta antes ao mano.
Nesse momento, já
o Mateus e a Clara estavam ajoelhados a um canto. A Teresa juntou-se aos
irmãos. À frente deles o Toquinhas assustado. O coração batia agora ainda mais
forte,
Tumtumtum!
Tumtumtum!
Tumtumtum!
De nada lhe valia
saltar, pois eram tantos os olhos e tantas as mãos, que logo o apanhariam.
Então o Mateus agarrou-o
com cuidado, com as mãos em concha, como quem guarda o mais precioso dos
tesouros. Depois, seguido pelas irmãs, correu para o jardim e segredou-lhe:
- Toquinhas, ali
não é o teu lugar! Volta para junto dos teus pais e da tua irmã! Amanhã, viremos
brincar para o jardim e contar-te-emos uma história.
E o Toquinhas
ainda assustado lá ficou debaixo do rododendro mais descansado por sentir nas
patinhas a terra fresquinha e no corpo o abraço quentinho do sol.
Tumtumtum!
Tumtumtum!
Tumtumtum!
Tumtum!
Tumtum !
Tumtum!
Tum!
Tum!