A Loirinha era uma rafeira de porte médio. O pelo castanho-claro no dorso dava lugar ao branco nas patas e no ventre. Vivia em casa dos avós do Mateus desde os três meses e tinha acabado de completar seis anos. Ao final do dia, corria pelo jardim, qual corrida de obstáculos, por entre as árvores e os arbustos. Ninguém a conseguia apanhar, tais as fintas que conseguia inventar. Percorria depois os lugares preferidos que farejava com todo o cuidado, para confirmar se ainda lá se encontrava o seu osso favorito. Às vezes, encontrava o Soneca esticado ao Sol, em cima da mesa de pedra. Aproximava-se, silenciosamente, focinho junto à calçada, agarrado à pista como se fosse um detetive. Mas, quando chegava perto, não resistia às assustadoras garras do gato. Recuava, então, dois passos e voltava às corridas, regressando, por fim, à casota. O Mateus adorava adestrá-la. Caminhava lado a lado com a Loirinha, dando pequenos esticões à trela, acompanhados por ordens a que ela raramente o