Estava sentada no sofá, confortável e serena. Finalmente, os horários dependurados no frigorífico tinham acalmado, abrindo uma certa clareira que tornava o tempo mais confortável e macio. A manhã estava fria, recuperava da noite que deixara nos carros parados nas bermas um manto gelado. Também as ervinhas se curvavam sob a geada que as cobria com uma brancura que aguardava os primeiros raios de Sol para se desfazer em pequenas gotas que desciam depois à terra que ansiava pela primavera ainda distante. - Bom dia, filha! Voltou os olhos brilhantes para o pai, juntou as mãos como quem segura uma expectativa que não quer deixar escapar: - Hoje é dia 24! Hoje é dia 24! Sim, dia 24. E ficou a p ensa r na esperança que saltava nos olhos daquela criança. - Os primos mais logo também vêm? - Claro, os primos, os tios, os avós, estaremos todos! A esperança começa sempre no presente. É no presente que germina e ousa brotar, romper a fronteira do tempo, ser o que há de ser, um ad