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Ainda procuro essa altura

 

Encontrei-te pela primeira vez no olhar!

Fixei-te e pequenas ondas espantadas

inundaram, nesse instante, as margens dos teus olhos,

incapazes de impedir a alegria

que percorreu depois

os profundos caminhos do teu rosto…

 

O meu corpo moldou a forma das tuas mãos,

quando me pegaste

e, num gesto sublime,

me levantaste para além da tua altura…

Foi aí que recolhi a marca do sonho

e o sentido inefável da pertença!

 

O caminho que depois apontaste

tinha a vitalidade dos sulcos cuidados

que desenhavas na terra.

Era um bailado rigoroso,

compassado,

aprovado pelo suor que nunca recusaste…

Eram linhas de uma dura narrativa

de onde brotavam alegrias partilhadas…

 

Que força te chamava naquelas noites frias?

Que sonho te guiava naquele caminho

por onde regressavas ao nascer do Sol?

As mãos que me acolheram

mostravam, nessas manhãs, sorrisos que me alimentavam.

Um dia, trouxeste também a sacola 

onde reuni o aroma das esperanças encadernadas

e, num gesto sublime,

fui à procura da tua altura!

 

Guardo a semente dos diminutivos,

essas formas aveludadas 

que o meu coração ainda ouve!

Regresso ao carinho das tuas mãos

que, depois da dureza de cada dia,

revelavam a marca dos heróis…

E lembro como descansavam serenamente

no meu rosto…

Pai, ainda procuro essa altura!


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