O Mateus elevou a colher e, mesmo antes de provar a sopa, hesitou, voltando a colocá-la no prato. Depois olhou fixamente o pai: - Pai, o filho do peixe é o peixe, certo? - Sim…? - E o peixe sabe nadar? - Sim. - Sempre? - Não conheço nenhum incapaz. - E por acaso sabes dizer-me como aprendem os peixes a nadar? O petiz teve ainda tempo para refazer a pergunta: queria saber se, ao nascer, logo começam a nadar. Mas o que preocupava o pai não era a resposta que agora preparava, mas, sim, as perguntas que ele ainda não tinha feito e que apenas esperavam o momento certo. Respondeu, portanto, com cautela: - Todos os peixes, na minha opinião, aprendem a nadar. E agora já podes comer a sopa? – perguntou, tentando escapar ao assunto. Porém, o Mateus não encolheu a imaginação. Ficou apenas algum tempo pensativo, fazendo rolar na mesa a argola do guardanapo. Ensaiou mais uma colher que elevou lentamente. O pai respirava já, secretamente, um certo alívio. - Pai, tenho uma