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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2019

O fim do mundo já não é ali à frente!

O Mateus estava na sala e fingia uma distração qualquer - os olhos presos no ecrã, os ouvidos agarrados à conversa dos pais.                 - Eu não concordo! O mundo que nós conhecemos acabou!? Que ridículo! – protestava o pai.                 - De certa forma, o texto faz sentido.                 - Desde quando é que o teu mundo na adolescência, por exemplo, era o mundo idealizado pelos teus pais? É uma posição extremada para causar polémica.                 - Não te esqueças de que o artigo termina de forma positiva. Afirma-se que as crianças estão hoje melhores e que o mundo pode renascer…                 - Sim, de acordo. Mas o título!                 O Mateus resolveu intervir.                 - Mãe, posso fazer uma pergunta?                 Os pais trocaram olhares e um sorriso apoderou-se dos lábios. Aquele rapaz nunca fazia uma pergunta sem antes lhe preparar o caminho! O silêncio foi o sinal afirmativo.                 - Desculpa, pai, disseste h

O reencontro da Dona Educação

O autocarro abrandou junto à paragem, obedecendo ao sinal sonoro rouco e desafinado. - Muito obrigada, António. Hoje fico aqui. - Saia com cuidado, precisa de ajuda? A Dona Educação agradeceu com um sorriso prolongado e apeou-se. Fixou depois a fachada que há muito trazia inscrita na memória. O edifício apresentava ainda um rosto sólido, equilibrado e inspirador, tal como nos anos em que ali entrava todos os dias. Caminhou em direção à portaria onde foi recebida pelo funcionário. - Posso ajudar? - Bom dia, desejo visitar a escola. - Visitar?! - Sim, gostava de a rever. O funcionário contactou diligentemente a direção da instituição. Repetiu o nome da ilustre visita para que do outro lado não restassem dúvidas. Alguns minutos depois, receberam a Dona Educação. Quiseram saber a razão daquele interesse, o motivo daquela visita. - Nada de especial. Há muitos anos que não venho aqui e gostava de entrar nas salas, de sentir a curiosidade insatisfeita dos alunos, c

O sorriso da Bisa!

Os meninos estranharam a presença da mãe na escola àquela hora. A Teresa correu para ela, seguindo pelo caminho que o sorriso abria. Os seus braços encontraram rapidamente os da mãe que a recolheram num longo abraço. - Porque é que vieste buscar-nos? - estranhou a Clara. - Hoje saíste mais cedo? - quis saber o Mateus. - Depois explico melhor. Vistam os casacos, lá fora está muito frio. Seguiram atrás da mãe que levava nos olhos a notícia que em breve encontraria forma nas palavras certas.   O Sol ainda espreitava no horizonte, protestando com a noite que chegava ainda mais fria do que a anterior. A noite, por sua vez, defendia-se, dizendo-lhe que a culpa afinal era dele, pois andava mais afastado da Terra. Assim, não a aquecia o suficiente e os ventos frios ocupavam o seu lugar. Além disso, a noite tinha de fazer horas extraordinárias porque o Sol se levantava tarde e se deitava muito cedo. Uma desgraça! - Olha! O Sol está a pôr-se! - apontou o Mateus. - Sim, mas deix

O sorriso da camélia!

               Naquele momento, a noite despedia-se do jardim. O vento passeava ainda por entre os ramos despidos. E, cada vez que ele suspirava, libertava uma longa nuvem que logo gelava. Depois, suavemente, um fino manto cobria de branco a terra.                 O Sol cumprimentou a velha noite e queixou-se do frio. Tinha frieiras na ponta dos dedos, porque não era nada fácil acordar todas as manhãs a Natureza adormecida e gelada!   Aquele manto era um problema. Os pequenos charcos uma dor de cabeça! Primeiro que os aquecesse era um dia de juízo!                 Debaixo do rododendro, muito quietinho, estava o Sapo Toquinhas. Espreitava por uma pequena abertura à espera do Sol. Dali podia ver a maldade do vento gelado que vigiava os ramos das árvores para não os deixar brotar. Também as ervinhas se mantinham encolhidas debaixo da terra, assustadas e geladas. Um verde apagado, triste, à espera, era o que o Toquinhas podia ver à sua volta.                 Nesse momento,