Inesquecível o momento em que sentiu o indicador a percorrer a sua lombada: era ela a escolhida. Quando percebeu que a puxavam, arrepiou-se, susteve a respiração e fechou os olhos. Nem teve tempo de se despedir das histórias amigas. Mas a ideia de que iria viajar nos olhos de uma criança imediatamente apagou essa mágoa. Porém, quando reabriu os olhos, sentiu algum receio. Tudo tinha ficado escuro e sentia-se muito apertada entre as folhas. As amigas já a tinha prevenido para essa possibilidade. Seria só por umas horas. Aguentou firme até ao momento em que ouviu um ruído arrepiante. Nesse instante, apodereou-se dela um medo terrrível, pensava que cada palavra podia dividir-se para sempre, sílaba por sílaba… Ficou lívida, a cor das letras confundia-se naquele momento com a cor das folhas: “Será que rasgam as minhas páginas, espaço onde habito e faço sentido?” Depressa percebeu que alguém desfazia o papel que a embrulhava, sentindo, de novo, confiança. Em breve, daria de caras c