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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2019

Uma rainha em Dentazes

        Era uma vez… era uma vez?! Sim, era uma vez!                 No tempo em que viviam os netos e os bisnetos de D. Afonso Henriques, era tenente da Terra de Santa Maria a Senhora de Arouca, a rainha Mafalda.                 Por esse tempo, vinha a rainha do Porto para onde partira em romagem à capela de Nossa Senhora da Silva. Lá ia desde criança, no tempo em que a avó, também ela rainha e também ela Mafalda, a mandara construir. Seguia, pois, para o Real Mosteiro de Arouca.                 Mas o dia escurecia e as nuvens anunciavam mau tempo. Tinha passado já o casal de Gaiate quando parou no caminho a comitiva.                 - Real Senhora, é preciso pernoitar neste lugar. Não é seguro continuar a viagem, as mulas e os cavalos precisam de descanso e de alimento. Além disso, em breve, teremos muita chuva que tornará os caminhos perigosos.                 - Meu fiel D. Pio, aceito o que dizeis. Também eu preciso de descanso. Mandai os arqueiros à povoação mais próx

O nome das fontes

A Clara aproximou-se do pai sem ele dar conta. Durante algum tempo, permaneceu atenta às imagens que apareciam no monitor. A dada altura não resistiu: - Pai, Fonte do Rato! Que horror, onde fica? Desprevenido, não sabia se responder à pergunta, se contrariar o espanto negativo, ou se protestar por ser observado. Começou pelo mais fácil: - Esta fonte situa-se aqui em Milheirós de Poiares! - Tem um nome estranho, não achas? – insistiu. Tinha de admitir, era um nome invulgar. - Porque se chama assim? A Clara estava agora encostada ao ombro do pai. Era o tipo de abordagem que gostava de fazer quando as respostas não satisfaziam a sua curiosidade. - Se achas este nome estranho, espera pelos próximos -arriscou, tentando fugir ao cerco. Passou, por isso, às imagens seguintes. A Clara foi soltando gargalhadas cada vez mais divertidas, penduradas no rosto, agarradas aos gestos disparatados. - Fonte da Piolha?! Fonte da Palhaça?! Achava aqueles nomes ainda mais hi

Cinquenta e um centímetros

                - Pai, faz-me uma pergunta sobre mim.                 - Não percebo.                 - Sobre alguma coisa que não saibas.                 - Não é fácil fazer perguntas sobre algo que desconheço.                 - Há muitas coisas sobre mim que tu não sabes.                 - Por exemplo…                 - Pai, assim é fácil!                 O Mateus queria que o pai, qual homem do leme, desvendasse os seus segredos.                  Que enigmas guardaria um rapaz de dez anos?!               Caminhavam os dois na marginal. Terra e mar. Dois mundos lado a lado. O Mateus admirava a indecisão do mar, o pai a insistência – as duas possíveis, faces da mesma moeda.                 O que sabe a terra sobre o mar? O que sabe o mar sobre a terra? A praia, pedaço de terra onde se encontram, um indeciso, outro insistente, guarda os segredos de ambos. Há muito que a brisa do mar procura desvendá-los.                 Caminhavam lado a lado, dois mundos u