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A mostrar mensagens de fevereiro, 2019

A lição das folhas

O Mateus observava, pela janela, as árvores que se agarravam à terra. Admirava a sua vontade e resistência - mesmo despedidas, permaneciam direitas, elevadas, à espera do Sol que sem vem. - O que vês lá fora? – quis saber o pai. - As árvores. - Porquê? - Não sei bem, estou a olhar e parece-me que estou um pouco confuso. - Porquê? E o Mateus explicou, completando com gestos eloquentes os espaços que as palavras deixavam vagos. - Já reparaste na forma das árvores? Queria o rapaz mostrar que, em parte, aquelas árvores se assemelhavam a um triângulo. - Tu queres dizer uma pirâmide? – ajudou o pai. - Sim, uma pirâmide, pode ser. O pai apontou então outras copas divergentes na forma. - Sim – concordou o Mateus – mas, se reparares, em todas elas, as folhas, todas as folhas, mesmo diferentes, permanecem verdes. E continuou para explicar que os ramos fazem uma cadeia solidária até às folhas mais altas. O pai começava a perceber a lição das folhas, espantand

O amor permanece

              O pai fixou o rosto da Teresa que na pequena mesa vermelha dava voltas à massa elástica e colorida, acomodando ali a sua imaginação.                 - Obrigado, pai! Este é o melhor dia!                 E lá continuava com a mão na massa, alisando, amassando, moldando. Em cada gesto uma história, em cada forma uma vitória!                 Aquelas palavras ficaram a brilhar no ouvido. Este é o melhor dia! A mãe também as tinha ouvido, fixando a filha, perdendo-se de imediato nas memórias, deixando à porta um sorriso materno.                 - É um amor para sempre! – exclamou o pai.                 Não obteve resposta.              - É um amor para sempre. Não daqueles que colocamos no friso das histórias que desaparecem ao fim de umas horas. Aparece, desaparece, esquece. Aparece, desaparece, esquece. Desaparece, esquece. Esquece. Não obteve resposta. - Um amor assim permanece. Acontece constantemente onde as memórias nos abraçam e o futuro nos

Um jogo singular

O Mateus estava sentado na bancada ao lado dos amigos. Mantinha os braços apoiados nas pernas e observava com interesse os movimentos dos jogadores. Segurava nas mãos uma pequena folha branca que agitava discretamente de vez em quando. Em campo, o objetivo era simples e comum, marcar mais golos do que o adversário. Além disso, importava ser elegante e preciso no passe. Até aqui tudo parecia estar equilibrado. A dificuldade começava quando se comparava a velocidade dos atletas: de um lado, a velocidade explosiva, voadora, imparável; do outro, a velocidade controlada, arrastada, sorridente. De um lado os mais novos, do outro os mais velhos. Estes, mais cautelosos, não arriscavam muito em território alheio, para não deixar abandonado o jogador mais recuado - aquele que usava luvas para aguentar as chicotadas da bola que chegava sempre furiosa e cheia de pressa. Não tardaram os golos tão desejados. Mas quase todos na mesma baliza – a dos mais velhos. Na bancada, o Mateus mantinha-s