- Há pessoas assim… são como as velas que ardem até ao fim! As palavras percorreram a sala, abrindo uma clareira silenciosa. Os nossos olhares procuraram escapar, fitando ao acaso, agarrando-se às coisas como se fossem boias, porto seguro em mar encrespado. Mas ela não conseguiu evitar que certas ondas transbordassem discretamente, libertando discretas gotas que percorreram os caminhos já conhecidos do rosto. - Não morrerão enquanto perdurarem, enquanto as lembrarmos! - Tal como o poeta… enquanto dissermos os seus versos… - Poderão escapar à memória dos homens, mas nunca aos braços do Pai que as acolhe com o eterno sorriso! E ela continuou, certa da grandeza que ali partilhava. Uma história de amor incondicional, que nos revelava que dar nem sempre é dar-se, que entregar nem sempre é entregar-se. Não dava apenas as botas que já não usava, o casaco velho fora de moda. Dava-se discretamente quando mandava pintar vezes sem conta o portão que mantinha sempre aberto, quando pa