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A mostrar mensagens de fevereiro, 2024

Era uma lágrima

Era uma lágrima Que resistia nos teus olhos Aproximei-me para ver melhor E logo correu pelos caminhos Sábios e honestos do teu rosto   Quis acolhê-la num beijo Era brilhante quente macia Oceano de paz que venceu Os meus sentidos   Procurei os teus olhos E logo outra se preparou Amparei novamente A tua alegria simples Transparente   Sinais líquidos de um amor Que só um beijo  Sabe acolher

Pessoas assim

  - Há pessoas assim… são como as velas que ardem até ao fim! As palavras percorreram a sala, abrindo uma clareira silenciosa. Os nossos olhares procuraram escapar, fitando ao acaso, agarrando-se às coisas como se fossem boias, porto seguro em mar encrespado.   Mas ela não conseguiu evitar que certas ondas transbordassem discretamente, libertando discretas gotas que percorreram os caminhos já conhecidos do rosto. - Não morrerão enquanto perdurarem, enquanto as lembrarmos! - Tal como o poeta… enquanto dissermos os seus versos… - Poderão escapar à memória dos homens, mas nunca aos braços do Pai que as acolhe com o eterno sorriso! E ela continuou, certa da grandeza que ali partilhava. Uma história de amor incondicional, que nos revelava que dar nem sempre é dar-se, que entregar nem sempre é entregar-se. Não dava apenas as botas que já não usava, o casaco velho fora de moda. Dava-se discretamente quando mandava pintar vezes sem conta o portão que mantinha sempre aberto, quando pa

Seguimos maravilhados?

27 de janeiro de 2024, Milheirós de Poiares A igreja mostrava-se por entre os ramos que se elevavam certos da altura que os reclamava. É para o alto que sempre se erguem. E, quando truncados, de novo se levantam, ressurgem confiantes na direção que os anima. As crianças preenchiam já o átrio que abraçava a porta do fundo, pardais esvoaçantes, desordem animada, chilreios sorridentes, simplicidade desarmante que também as eleva para o alto. Ocuparam pouco depois o espaço disponível no interior da igreja. Silêncio! Que era preciso silêncio, sussurravam alguns dos mais velhos, desconfortáveis com o ruído invasor. Mas depressa a chama das velas dançou ao ritmo daquela alegria e as flores dispostas nos altares libertaram o perfume que há muito haviam recolhido. Até os santos nos altares mudaram discretamente a sua posição para melhor observarem os petizes que traziam espanto no olhar e irrompiam pelo espaço em filas irregulares. Depois o canto e a música! Vozes unidas, também a melodia e as