Todas as noites, antes de se recolherem para dormir, os pais do Mateus passavam nos quartos para verificar o sono dos filhos, desligar as luzes e os rádios. Uma espécie de revista amorosa antes do descanso sereno. - Ele teima em cobrir-se completamente! – sussurrou o pai. - Já sabes que é por causa das melgas – justificou a mãe que há muito sabia que o Mateus se defendia assim dos importunos insetos. - Mas não temos melgas cá em casa! – protestou. A mãe respondeu-lhe com um sorriso discreto, fitando-o de forma divertida. - Melgas há muitas…! O pai não lhe deu tempo de terminar a famosa tirada. No dia seguinte, durante o pequeno-almoço, o pai observou pausadamente a crescente agitação dos filhos, as disputas ardentes sobre a posse do comando e sobre o programa a ver daí a momentos. Não se entendiam! - Mãe, posso ver tablet ?! – reclamou a Clara, prevendo a ineficácia dos seus argumentos. - Não. Têm de ver o mesmo filme! Os três! – determinou a mãe, inc