A Pipoca acordou quando o Sol lhe acariciou a carapaça. Era a primeira vez depois de um longo e atribulado inverno. Vira-se ao espelho do gelo que cobria a superfície da água. Sentira o embalo do vento que tornava as águas inquietas. Aguentara-se com firmeza enquanto a chuva incessante provocava enchentes demoradas, revolvendo-lhe a casa até às pedras onde se agarrava. Mas o Sol trazia agora a bandeira da paz e a natureza abria novamente as janelas, soltando sorrisos coloridos, melodias ingénuas, incentivos aos filhotes que se atreviam ao primeiro voo. As folhas rebentavam nos ramos procurando a forma no espaço. - Félix! Que bom rever-te! – saudou a Pipoca, quando levantou o pescoço para procurar os vizinhos. A caturra manteve-se quieta. - Félix! – insistiu. - Não vale a pena! Está assim há muitos dias! Não quer falar com ninguém! – explicou o gato Sonecas que passava naquele momento. – Vês aquela parede fina e transparente? Foi colocada à volta da casa deles no início do i