- Pai! – a Clara reagia com surpresa sorridente. Admitia que ele estava certamente a brincar. – Não é assim, enganaste-te! O pai continuou concentrado na conversa que mantinha com o Mateus. - E sabes explicar o provérbio? - Claro… - afirmou o Mateus, incapaz de esconder uma certa hesitação agarrada aos gestos, pendurada no olhar descendente. A explicação foi surgindo do escuro como a lua em quarto crescente. - Pai, não é assim! – insistia a Clara que, percebendo o desencontro do pai, continuou – o provérbio não é assim! - Assim?! – estranhou o pai. - Tu trocaste tudo! Não tinha reparado nas gargalhadas e nos olhares húmidos, brilhantes, que o rodeavam. E a sua seriedade tornava o momento ainda mais hilariante. - Em terra de cegos, quem tem um olho é rei – disseram em coro. - Foi o que eu d