Entrei e dirigi-me para a secretária disposta junto à janela. As cortinas dançavam inspiradas pelo vento, que parecia querer fugir daquele espaço. Junto ao monitor, havia um líquido transparente que disparei sobre os objetos por ali alinhados. Era a primeira vez, nunca os tinha recebido assim: sorriso escondido, mãos presas, algemadas, negando os abraços que apagam a distância e a saudade. Restava o olhar espantado, resistente, líquido, enraizado… Entraram e procuraram enfileirados a higiénica torre que os protegeria dos ataques inimigos. Tomaram depois posição no lugar respetivo. Reparei que também eles mantinham o sorriso aprisionado, amordaçado. Mas não os olhos. Esses passeavam pela sala, encontrando outros a quem contavam pequenas histórias silenciosas, deliciosas, às vezes, ousadas, às vezes, envergonhadas. As gargalhadas formavam uma albufeira atrás do muro que lhes barrava o caminho. Apenas o som abafado conseguia evadir-se. Gargalhadas incompletas. Enquanto os observav