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A mostrar mensagens de dezembro, 2019

Pai, a minha história de Natal?

O Mateus estava deitado no sofá. Tinha os olhos brilhantes, dores de cabeça e um dente que se despedia dos outros, suspenso na frágil gengiva, que o rapaz constantemente verificava com a língua. - Pai, podes ver se tenho febre? - Deixa ver… vou buscar o termómetro. ­Daí a pouco, o aparelho sugeriu algum cuidado. - Espera, vou falar com a mãe. Acho que precisas de tomar um remédio para baixar a febre. - Remédio?! - Medicamento. - Não quero nada disso! O pai não respondeu ao protesto. Voltou daí a pouco com um frasco conhecido e uma colher apontada à boca do rapaz. - Água, quero água – suplicou, na tentativa de contrariar o sabor que lhe invadia a boca. Passada a tormenta, voltou a deitar-se. Fechou os olhos, mas deixou escapar um ligeiro sorriso que o pai interpretou imediatamente. - Acho que já estás a ficar melhor! - Pai, já escreveste a história sobre a árvore de Natal? Tu prometeste! Uma história sobre a árvore de Natal… Não, ainda não. As palavras fu

O burro que não queria cenouras e a árvore de Natal

                - Pai, tenho uma pergunta para te fazer.                 - Sim.                 - Porque é que dão cenouras aos burros?                 - Não percebo.                 Queria o pai saber a origem daquela pergunta. É que as perguntas isoladas correm o risco de ficar insatisfeitas. As perguntas trazem o caminho da resposta escondido atrás da inclinação final. É preciso desvendá-lo.                 - Vi uma fotografia num livro.                 - E então?                 - O burro estava preso a uma nora…                 - Sim, um mecanismo para tirar água de um poço…                 - E a minha pergunta é: porque lhe dão cenouras? Tu acreditas nisso?                 O rapaz achava estranho dar cenouras ao animal.                 Cercado assim por aquela estranheza espontânea, suavemente inocente, o pai viu-se obrigado a uma resposta e tratou de encontrar o melhor caminho. Estaria o problema nas infindáveis voltas que o burro dava? Na fugidia cen