O pai entrou na sala e encontrou-os sofá. À frente deles, o televisor mostrava, quase mudo, abandonado, imagens animadas, coloridas e divertidas: uma menina fazia as maiores travessuras para desespero do urso castanho e simpático. Mas nenhum deles reparava naquelas aventuras, agarrado cada um ao seu monitor. Riu-se o pai, sentando-se num pedacinho do sofá ainda livre, mas riu-se sozinho. Ainda olhou os filhos, esperando companhia, certo de que rir acompanhado redobra a alegria. Desligou o televisor e por ali ficou à espera de que as baterias mostrassem sinais de fraqueza. Reparou depois que nenhum dos filmes chegava ao fim, histórias incompletas, interrompidas e truncadas. Pobres narrativas assim tratadas na ponta dos dedos inquietos e nunca satisfeitos! - O que estás a ver? Silêncio preso aos monitores. - Pai, traz-me uma maçã. Silêncio. Esperava o pai que o filho levantasse os olhos. - Pai, podes trazer-me uma maçã? Silêncio. - Pai?! – protestou. - Diz? - N