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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2019

Rub, a borracha

Branca e presumida vivia em constante sobressalto. Ficava horas e horas no suporte elástico mais alto do estojo aberto sobre a mesa. Dali observava o trabalho do Pedro que, naquele dia, alinhava números e sinais numa cadeia interminável que era sempre igual a qualquer coisa, de preferência, a um número. Que maçada! Quando o rapaz comparou o resultado obtido com o do João que, ao seu lado, percorria o mesmo caminho, ela deixou de respirar. Rub ficou ainda mais branca, quando percebeu que uma das respostas estava errada. Ups! Nem quis saber qual era! Refugiou-se imediatamente na parte inferior do estojo, junto das minas zero ponto cinco e dos lápis partidos. Havia por ali restos de aparas e papéis que guardavam sorrisos envergonhados, suspiros indecifráveis. Sabia que o rapaz não a procuraria naquele lugar. - João, empresta-me a borracha. Livra! A vizinha entrava mais uma vez ao serviço. Chamava-lhe esforçada e consumida, vizinha consumida, nunca uma Rub como ela! Que maravil

Mãe, levas-me a mochila?

O rapaz seguia cabisbaixo, arrastado, balão vazio. Despedia-se contrariado do sono. No cabelo arrepiado trazia ainda vestígios do sonho, mastros, pedaços de vela, que ficaram da viagem que fizera durante a noite.   Seguia, por isso, como marinheiro em terra, desejoso por içar novamente as velas e partir. A mãe avançava decidida, inclinada para compensar o peso da mochila que levava numa das mãos. De quando em vez, vigiava a retaguarda, não vá o rapaz ficar parado, outra vez amuado! Em cada passo, a terra e o mar, ficar e partir, partir e ficar. Indiferente o rapaz. Decidida a mãe do rapaz. Ele entrou displicente, aparentemente. «Mãe, porque abres a minha mochila? Por que razão a preenches com os teus sonhos? Mãe, que caminho percorres com ela às costas? Porque me obrigas a seguir-te?» Ela saiu confiante, aparentemente. «Filho, porque não abres a mochila? Porque não libertas os teus sonhos algemados em cada lombada alinhada? Filho, os sonhos que carre