O Alviela avançava sossegado para em breve descansar nos braços do Tejo, embalado pelo canto das Tágides. O paço dos Coutinhos espreitava-o a pouca distância, enquanto o estio chegava de mansinho, naquela serena tarde de junho. Deixaram então o alpendre em silêncio perturbado e entraram no quarto, onde o tinham acolhido já muito debilitado. João de Portugal estava com ele. - Luís, Luís Vaz! – sussurrou. O Poeta abriu os olhos e esboçou pausadamente um sorriso completo. - Estão aqui o Manuel de Sousa e o nosso adorado rei! Passaram quase dois anos, meu bom amigo! Luís reconheceu o tenro gesto do soberano marcado pelas agruras do deserto e da longa peregrinação. Procurou depois os olhos de Manuel de Sousa e, apontando para uma mesa ao fundo cama, proclamou na medida heroica: - Manuel, eis aí a tua espada! Manuel, eis aí a tua pena! De seguida, chamou o anfitrião, ainda moço, filho do seu amigo e protetor. - Gonçalo! Hesitante, Gonçalo Coutinho aproximou-se e Lu...