- Acorda, Mateus! Temos um peru no telhado! – alertou a Teresa, enquanto fazia deslizar os cortinados, deixando entrar repentinamente no quarto a luz do dia. - Fecha isso! – protestou o Mateus, escondendo a cabeça debaixo do lençol. - A sério! Está ali um peru, no telhado do alpendre – reforçou a Clara. - Vão para o vosso quarto, de lá também se vê bem! - Já lá estivemos. Agora o peru está mesmo aqui em frente à tua janela. Anda ver – insistiu a Teresa. A ave caminhava com alguma dificuldade, dada a inclinação das telhas e a chuva que inesperadamente chegara para interromper o verão. Mantinha o pescoço sempre muito direito, qual periscópio atento a todos os movimentos e a todos os sons. - Como é que ela veio aqui parar?! É um dos perus do avô e deve ter voado por cima da vedação – explicou o Mateus, que não resistiu ao inaudito acontecimento.