- Já acabei o trabalho! - Qual? - A entrevista sobre o 25 de Abril – explicou a menina. - O que lembramos nesse dia? - interessou-se a mãe. Nesse momento, o irmão, um pouco mais velho, resolveu intervir, tentando mostrar uma certa maturidade que logo se mostrou frágil nas primeiras palavras: - A Implantação da República, mãe! Já sabias que ela andava a fazer um trabalho sobre isso… O silêncio que se seguiu foi como aquele intenso momento em que se atinge o ponto mais alto da montanha-russa, tempo de agitado sossego que repentinamente dá lugar à descontrolada descida: - Pensa bem no que estás a dizer! Não esperava que confundisses de forma tão leviana dois acontecimentos fundamentais da nossa história – advertiu-o a mãe, tentando suster a revolta interior que, não transbordando nas palavras, rebentou na dureza do olhar. - Tem calma, mãe… confundi, pronto. - Pronto!? Esperavas que aceitássemos de forma pacífica um erro tão grosseiro? – juntou-se o pai. O rapaz fixou