XIV - Quais são as tuas causas? A pergunta assim libertada dirigia-se a cada um deles. Esperou. O silêncio obrigou-o a procurar respostas nos olhares que fitavam o vazio. Também aí encontrou silêncio, este mais reservado e profundo. Ainda lhes mostrou Maria, que se mostrara capaz de questionar os governadores que fugiam cobardemente, abandonando o povo à sua sorte. E Manuel que ousara enfrentar esses representantes de um poder que lhe roubava a pátria... - Que lutas determinam a tua existência? - insistiu. O silêncio permanecia, mas tornou-se inquieto. Importava naquele momento analisar a peça que representavam num palco que era também plateia, onde todos viam e eram vistos. E tudo parecia reduzir-se ao círculo de luz que emanava da consciência de cada um. Era um espaço de onde tinham retirado todas as portas, todas as janelas. Um palco vazio. E ali estavam eles sem a deixa necessária que tinham recusado ou que não puderam ouvir. Não lhes perguntou se eram portugueses,