Da minha janela, observei-as demoradamente. Incomodava-me aquela inclinação ordenada, como se todas quisessem levantar raízes e procurar outras paragens. As copas semidespidas tinham oferecido ao vento do mar as folhas que seguiam pelo caminho do sonho, rompendo as fronteiras daquela praça cercada por edifícios quietos. Estes pertenciam à classe daqueles que hibernavam longamente para despertarem nos dias quentes e longos. Nesse tempo, subiam as brancas pálpebras e os retornados carros escondiam-se discretamente nas caves. Observei-as demoradamente. Algumas tocavam-se suavemente, cruzando os ramos, acariciavam-se as folhas, contando segredos escondidos no rumor, no sussurro de cada movimento. Nunca conheci as raízes, apenas a sua estatura. As raízes seriam fundas se lá no fundo houvesse o que procurar. Outras permaneceriam à superfície, beijadas pelo orvalho, agarradas à terra que as adotara. Eram três os canteiros, todos retângulos, dois deles siameses. As árvores eram seis, a