O rapaz aguardava ao fundo do corredor, dava passos sem destino para enganar a espera que sempre o incomodava. Aproximei-me e reparei que fixava o chão, perdido na sua geometria monótona, gasta e quadrada. - Já lhe enviei o texto! – disparou. - Deixa-me confirmar. Sim, era verdade. Observei-lhe o rosto e vi que um sorriso triunfava naquele momento. Afastou-se depois ligeiramente, ensaiando um bailado indeciso, passos que o levavam e traziam, impaciente, esperando a minha reação. - Não vai ler agora, pois não? – sugeriu incerto. O corpo crescera muito e precisava ainda de acertar umas contas com as ideias. Esperou ligeiramente curvado para me ouvir melhor. Naquele momento, o corredor acolhia já mais passos que nos cercavam curiosos, um cerco insistente. - Gosto do título. Certamente abrirá as portas para uma bela história – adiantei. De imediato, o rapaz foi arrastado para o intervalo, para o exterior, desviando-se das perguntas com gestos e sorrisos desligados. Ta